Os clientes são tratados pelo nome e é pelo espírito familiar e acolhedor que os fundadores desta clínica recolhem as melhores recomendações. A alguns meses de comemorar 15 anos de existência, a inovação digital e os projetos de expansão da clínica são hipóteses que fazem parte dos planos para o futuro. A sensibilização para a profilaxia é uma missão diária e, a formação, uma motivação para aperfeiçoar os tratamentos.
Foi na faculdade que conheceu a atual esposa, Leocádia Ribeiro. Ambos médicos dentistas, optaram por lançar-se num negócio próprio, com todos os desafios que a decisão acarreta. “Não é fácil ser médico dentista em Portugal”, refere Pedro Santos Silva, diretor clínico. Depois do estudo de possíveis localizações para abertura da clínica, escolheram Rio Meão, em Santa Maria da Feira, para abrir portas, em julho de 2005. “Era uma boa hipótese, até porque existia pouca oferta na área de medicina dentária na época”, explica.
A clínica S. Tiago Medical Center (S. Tiago é o padroeiro da vila onde a clínica se localiza) arrancou com dois gabinetes dentários e um aparelho de ortopantomografia digital, o que era pouco comum há 15 anos. “As clínicas apostavam mais em equipamentos analógicos, raios-x mais tradicionais e nós decidimos apostar, desde logo, no digital, em termos de diagnóstico, o que já era algo evoluído para a época”, defende. O foco passa desde o início por disponibilizar as tecnologias mais avançadas, mas sempre associadas à experiência e ao profissionalismo da equipa.
Enquanto procuravam a localização ideal para o projeto e mesmo durante os primeiros dois anos de aposta neste negócio próprio, o diretor clínico continuou a trabalhar em meia dúzia de clínicas, que acumulava com as aulas na faculdade, por forma a compensar o investimento que havia feito.
O crescimento foi acontecendo ao longo dos anos, até que, em 2019, o casal optou por se mudar para novas instalações e investir num equipamento de TAC. A clínica passou para um novo espaço, a cem metros da antiga estrutura, passando de 90 m2 para 350 m2 e de dois para seis gabinetes de medicina dentária. O novo espaço reflete a vontade de inovar e dar continuidade à qualidade profissional, não descurando o conforto e bem-estar dos pacientes. “Equipámos ainda a clínica com todos os meios necessários para quem realiza cirurgia. Temos de estar precavidos com tudo o que existe num bloco operatório. Em cirurgias mais invasivas, temos sempre um enfermeiro presente e procedemos à sedação com um médico anestesista”, explica o médico dentista. No que respeita às crianças, e numa sala dedicada e decorada cuidadosamente para o público infantil, é feito um plano de tratamento individual. No caso de ser detetada alguma fobia associada aos tratamentos de saúde oral, pode equacionar-se a sedação com a devida monitorização da equipa.
Em 2005, o arranque contou com dois médicos dentistas – Pedro Santos Silva e Leocádia Ribeiro – e uma assistente dentária. Quase quinze anos depois, a equipa conta com 25 funcionários: nove médicos dentistas, duas rececionistas, cinco assistentes dentárias, entre outros. “É um ato de gestão completamente diferente. E é um desafio pois não nos ensinam, na faculdade, temas relacionados com economia de gestão ou gestão de recursos humanos. Para ajudar, uma das funcionárias acaba por articular estes assuntos com um contabilista.”
Leocádia Ribeiro especializou-se em ortodontia e Pedro Santos Silva tem-se dedicado à periodontologia, reabilitação e estética. É também especialista em cirurgia oral pelo Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos Dentistas. A formação é uma aposta contínua, cá e no estrangeiro, e continua a fazer parte da sua rotina. “Dedico parte do meu tempo à pesquisa, pois tenho de estar o mais atualizado possível relativamente aos novos materiais que estão a surgir e àquilo que a inovação tem para nos oferecer”, explica. Do curriculum, constam a formação especializada em Implantologia Oral, a especialidade em Implantologia Oral Clínica, pela Universidade de Sevilha, instituição onde acabou por tirar também o mestrado nessa área. O diretor clínico especializou-se, em Madrid, em Implantologia Estética, Regeneração e Periodontologia Avançada, tendo ainda tirado um mestrado avançado em Implantologia e Periodontologia no College of Dentistry, em Nova Iorque.
Não tem dúvidas de que a medicina dentária desenvolvida em Portugal está ao nível do que de melhor se faz fora do País. “Quando vou ao estrangeiro frequentar alguma formação, encontro sempre um português no mesmo curso, o que significa que existe uma preocupação em aprender, saber mais e fazer melhor.” No que respeita aos tratamentos e aos conhecimentos, o médico dentista considera que a medicina dentária nacional está no bom caminho. “Temos meios, pessoal especializado e podemos realizar os mesmos procedimentos que são efetuados em qualquer local do mundo.”
No entanto, não poupa críticas às seguradoras. “Como ponto negativo, realço o facto de nos termos tornado escravos das empresas de seguros, o que prejudica muito a classe. Julgo que esta área deveria ser regulamentada, pois a informação que é passada aos pacientes é muito manipulada em função dos objetivos dessas empresas”, defende. Por outro lado, sente regularmente os constrangimentos do empreendedorismo e lamenta a falta de “cuidado e de incentivos às pequenas médias empresas”, assumindo que os maiores desafios são os custos e a grande quantidade de impostos a pagar.
Defendendo que ter uma clínica dentária é um projeto ambicioso, sente que a profissão não é devidamente “reconhecida” no nosso País. E foi por isso que optou por abandonar um projeto que tinha e que consistia em abrir uma clínica com 2000 m2. “Não senti qualquer apoio e deparei-me com bastantes dificuldades no âmbito do poder local”, avança. De igual modo, sempre que tem de recrutar profissionais, sente um maior constrangimento, especialmente na contratação de assistentes dentárias, por falta de “formação adequada”.
Ambiente familiar
Localizada numa vila onde todas as pessoas se conhecem, esta clínica pauta a sua atividade pela proximidade e pelo humanismo. “Mantemos muitos clientes desde o arranque da clínica e conhecemos as suas histórias de vida”, revela o diretor clínico, que também é um membro ativo de uma instituição particular de sociedade social, composta por centro de dia e creche, à qual acaba por dedicar algum tempo e desenvolver, juntamente com a sua equipa, algumas ações de sensibilização para os cuidados com a higiene oral. Este papel também é frequente nas consultas: “Um dos nossos focos passa por motivar os clientes para os bons cuidados de higiene oral. Defendemos que aquilo que conseguirmos incutir aos pais será posteriormente adotado pelos filhos. O desafio é mais exigente nos idosos, pois têm hábitos de muitos anos, nem sempre são fáceis de reverter”, assinala Pedro Santos Silva.
Através deste tratamento mais humanizado que é prestado na S. Tiago Medical Center, a maior publicidade continua a ser a recomendação. O ‘passa a palavra’ funciona e acaba por trazer mais clientes, afirma o diretor clínico. Todos os dias, são efetuadas chamadas aos clientes que têm uma marcação para o dia seguinte como forma de otimizar a agenda dos médicos e evitar faltas.
Conscientes da importância de ter uma presença digital, a preocupação com a imagem salta do gabinete dentário para as redes sociais. Ganharam em proximidade nesta que é uma aposta recente, por terem percebido que as pessoas gostam de acompanhar aquilo que vai sendo desenvolvido na clínica. “Tivemos de nos adaptar aos tempos”, diz. Na página de Facebook, com mais de dois mil seguidores, além de serem apresentados alguns resultados de tratamentos efetuados, são facultados conselhos úteis para uma cuidada saúde oral, são partilhadas imagens de “sorrisos bonitos” que agradam à maioria dos clientes e dão-se a conhecer elementos da equipa. Também aqui a profilaxia assume um objetivo de destaque.
Apesar de a clínica estar situada numa vila, a concorrência em redor não para de crescer. “Quase todos os anos, surgem clínicas novas aqui perto (da mesma forma que muitas delas fecham). Não vivemos muito preocupados com os outros, olhamos mais para aquilo que fazemos e não para o que os concorrentes desenvolvem”, salienta.
Além das consultas dentárias, é possível realizar análises ao sangue e eletrocardiogramas, serviços complementares ao core business, que acabam por agilizar alguns dos procedimentos da clínica e trazer valor acrescentado.
Os objetivos para o ano de 2020 estão bem definidos e passam “por consolidar a clínica 100% digital e expandir o negócio para outra zona geográfica, ainda em fase de estudo”, adianta Pedro Santos Silva.
*Texto publicado originalmente na edição de março/abril da revista SAÚDE ORAL.