Um estudo liderado por investigadores na China examinou o impacto do microbioma oral na saúde em geral. A investigação descobriu que uma nova molécula microbiana libertada pela bactéria streptococcus mutans, encontrada geralmente na cavidade humana oral, está ligada ao desenvolvimento de cáries dentárias, divulga o Dental Tribune International (DTI).
Neste estudo, os investigadores analisaram a formação de biofilme para a bactéria s. mutans, que produz ácidos orgânicos e é uma das principais causas das cáries dentárias.
“A s. mutans há muito que é reconhecida como um dos principais agentes patogénicos orais e a sequenciação genética revelou um grande potencial para produzir metabolitos secundários especializados”, afirmou o coautor e o também professor associado do Departamento de Engenharia Química e Biomolecular da Universidade da Califórnia, Berkeley, Wenjun Zhang, em declarações ao DTI.
Pesquisa
A identidade e função dos metabolitos secundários da pequena molécula na formação de biofilme foi a lacuna que os cientistas tentaram colmatar.
“Há muitos anos que estudo a interação do biofilme marinho e dos animais marinhos. Como tal, a interação é muitas vezes mediada através de moléculas químicas produzidas por micróbios em biofilme, um dos nossos esforços foi identificar as moléculas que afetam o desenvolvimento do biofilme, bem como a resposta dos animais”, explicou o coautor Dr Peiyuan Qian, que é professor chefe e presidente do Departamento de Ciência Oceânica da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.
“Nos últimos dez anos, temos usado a descoberta composta baseada no genoma para identificar sinais químicos de micróbios e fizemos algumas descobertas: como identificar genotoxinas (colibactinas) da E. coli, desenvolver novos antibióticos e encontrar novos fármacos”, prosseguiu.
O investigador afirma que “se conseguirmos prevenir a bactéria que forma o biofilme de produzir moléculas relevantes, podemos prevenir a formação da placa dentária”.
Devido a um interesse comum nos mecanismos moleculares de desenvolvimento de biofilme, Qian e a sua equipa têm trabalhado de perto com Zhang nos últimos anos. Qian explica que “é uma extensão natural do nosso trabalho passar do biofilme natural marinho ao biofilme associado à saúde humana”.
Resultados
Ao longo do estudo, a equipa de investigação identificou cinco moléculas e um cluster genético de caminho biossintético. De acordo com as descobertas, uma dessas moléculas prendeu-se às s.mutans e reduziu a atração das células bacterianas às moléculas de água. Desta forma promovendo a habilidade da célula em formar aglomerados.
“Descobrimos que alguns isolados de s. mutans são capazes de produzir um metabolito especializado, mutanofactin-697. Esta molécula liga-se às células mutantes da bactéria e ao ADN extracelular, aumenta a hidrofobia bacteriana e promove a adesão bacteriana e a subsequente formação de biofilme”, explicou Zhang.
O estudo intitulado “Mutanofactin promotes adhesion and biofilm formation of cariogenic Streptococcus mutans”, foi publicado online no dia 4 de março de 2021, na Nature Chemical Biology.