O número de cheques-dentista não utilizados bateu o recorde em 2021. Estes cheques são atribuídos a grupos específicos da população para utilização em clínicas e consultórios privados. Apesar de ter sido o ano com mais cheques-dentista emitidos (711 mil), 41% dos vales (292 mil) ficaram por utilizar, de acordo com os dados que constam do Portal de Transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e divulgados pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), no seu site.
“A taxa de utilização é muito baixa e tem-se agravado nos últimos anos, o que demonstra que este projeto, que na altura foi muito inovador, se tem vindo a desvirtuar, que não evoluiu”, considerou o bastonário da OMD, Miguel Pavão.
Para ilustrar a tese de que em Portugal “não há muito interesse em investir na saúde oral”, Miguel Pavão recordou que o valor do cheque-dentista foi reduzido de 40 para 35 euros no tempo da troika e que não foi alterado desde então, nem mesmo durante a pandemia, apesar da despesa adicional com equipamentos de proteção individual. “Não se refletiu sobre o modelo do cheque-dentista, não se avaliou, não se parou para pensar”, lamentou.